quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Profecia Futebolística Do Polvo Vidente E A Superstição Na Copa


Em todas as Copas do Mundo, algumas personagens destacam-se e trazem um colorido a mais para o evento esportivo. Nesta de 2010, entre várias, duas chamaram minha atenção em especial por estarem relacionadas a superstições e adivinhações: Maradona e Paul, o polvo vidente.

O técnico da Argentina, dono de uma personalidade complexa e excêntrica, com seu passado marcado por glórias e escândalos, parece ter saído da disputa com o saldo positivo. Carismático, protetor e carinhoso com seus jogadores, espirituoso com a imprensa e respeitoso, dentro do possível, em relação aos adversários. Mas não reparei apenas nestes aspectos comportamentais, como também em suas manias.

“El Diez” (O Dez) usou o mesmo terno e a mesma gravata em todos os jogos. Durante as partidas, segurou um terço entre os dedos. Não entrava nem saía do campo sem se benzer. Apesar de quase não sentar-se durante o jogo, o banco escolhido sempre foi o terceiro da direita para a esquerda. Maradona procurou dar suas entrevistas antes dos jogos na mesma sala de imprensa em Pretória. Poderia citar ainda outras, como dormir com a camiseta da seleção, mas acho que estas já estão de bom tamanho.

Por sua vez, Paul, o polvo vidente, roubou a cena na África do Sul, porque previu, até agora, o vencedor dos jogos disputados pela Alemanha. Acertou a vitória sobre a Austrália, Gana, Inglaterra e Argentina, bem como a derrota do time alemão para a Sérvia e Espanha. A profecia é feita da seguinte maneira: em duas caixas, cada uma delas decorada com a bandeira de um dos dois times adversários, coloca-se comida para o octópode. A escolhida por Paul aponta o vencedor.

Será mesmo possível prever o futuro e vislumbrar o que ele reserva aos homens e ao universo? O trevo de quatro folhas dá sorte? Passar embaixo da escada é perigoso?

Francis Bacon disse que “evitar as superstições é uma outra superstição”. Porém, de acordo com Voltaire, “a superstição põe o mundo em chamas, a filosofia apaga-as”.

O fato é que, desde sempre, as crendices e a visão mágica do mundo estiveram presentes na história da humanidade. Nossa compreensão é afetada por desejos e emoções. É comum acreditarmos naquilo que gostaríamos que fosse verdade.

Viver é tarefa das mais complexas. Somos seres mortais, falhos, desamparados, vulneráveis e impotentes em relação às forças da natureza. Os relacionamentos com nossos semelhantes nos fazem sofrer e ainda precisamos tolerar as frustrações e privações que a sociedade nos impõe.

As crendices ganham força porque é da natureza humana evitar o desprazer, buscar proteção, negar a ameaça do mundo externo, acreditar que o destino representa sempre a expressão da vontade divina. Quando algum infortúnio nos acontece, para amenizar o sofrimento nos consolamos acreditando que não era para ser.

Não duvido, como disse Shakespeare, de que “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”, mas acho prudente tomar cuidado com os charlatães que estão por aí, aproveitando-se da boa fé das pessoas. Não temos controle absoluto sobre tudo o que nos acontece, mas somos nós mesmos que escrevemos o nosso futuro na maior parte do tempo e ele é determinado pelas escolhas e atitudes adotadas no momento presente. Por isso, faça o melhor que puder hoje. O passado já ficou para trás e o futuro ainda não chegou. Prepare-se e dedique-se. É você quem escreve a sua história. No fim das contas, a vida é parecida com uma partida de futebol. Se você jogar bem, terá maior chance de ganhar. Se jogar mal, é bem provável que perca. O equilíbrio entre os adversários tende a levar ao empate. Se a disputa for para os pênaltis, ganhará o time que tiver o melhor desempenho nas cobranças. Jogar com alegria no coração sempre ajuda.

Espero que sua vida valha à pena e que você faça muitos gols.



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