quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO!!!




RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

QUEM NÃO ACREDITA EM PAPAI NOEL?




O texto abaixo é da autoria do Contardo Calligaris. Desejo aos meus pacientes, amigos, familiares e  leitores  um Natal abençoado. Que todos tenham ainda dentro de si a capacidade de sonhar, a coragem de acreditar em um mundo mais generoso nem que seja só por um dia e de querer que seus desejos sejam realizados. 


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Papai Noel encarna a esperança básica de que, ao menos uma vez por ano, o mundo nos queira bem

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NO SÁBADO, foi o primeiro aniversário de Gabriela, filha de amigos meus. Ela estava radiante, num vestido que, pela cor vermelha, contribuía ao tema da festa: o Natal. Havia um Papai Noel no seu trenó, em tamanho natural, e a casa do Papai Noel no polo Norte, com o elfo a judante diante da porta e muita neve no teto. Havia também duas renas voadoras, que não reconheci, mas nenhuma delas era Rudolfo (que, como se sabe, tem nariz vermelho).

Concordo com a escolha dos pais de Gabriela: como primeira história na qual acreditar, a de Papai Noel é imbatível -embora ela tenha vários inimigos.

1) Há os que dizem que Papai Noel não passa de um vendedor de shopping center ou de um animador de loja de departamento, inventado para que, nesta época do ano, compremos um monte de futilidades. Penso diferente.

Vi muitas crianças ponderando e escrevendo suas cartas de Natal ou, então, esperando, na fila, para sussurrar seus sonhos no ouvido do próprio Papai Noel. O importante não era que elas conseguissem o que pediam, mas que elas manifestassem suas vontades, tivessem a coragem de querer.

No Natal, aliás, o presente é quase supérfluo. Nestes dias, não há como jantar num restaurante sem assistir à entrega das surpresas de um amigo secreto. Cada um desembrulha, finge encantamento e ergue seu presente para a foto: é um troca-troca de objetos sem uso que acabarão no fundo de uma gaveta ou serão passados adiante, quem sabe no Natal do ano que vem.

O presente pode ser qualquer coisa porque, em muitos casos, seu valor é o mesmo dos ursos de pelúcia que abraçamos no sono, ao longo da infância: ele serve como lembrança saudosa de quem nos presenteou e, ao mesmo tempo, substitui o presenteador de maneira que possamos dispensar sua presença.

Só para ilustrar a complexidade de pedidos e presentes, mais um exemplo. Francisco, aos cinco anos, num dia de novembro, quis ditar sua carta ao Papai Noel; ele não queria presente algum naquele ano, preferia que o Papai Noel pensasse nas crianças que não têm nada.

Francisco selou e mandou seu pedido, com grande contentamento dos pais, orgulhosos da generosidade do filhinho. Poucos dias mais tarde, Francisco estava sendo impossível, explosivo, levado. A mãe: "Se Papai Noel souber como você se comporta, ele não trará nada para você". Francisco, feliz e sardônico: "Eu não pedi nada neste ano".

2) Alguns se indignam porque o culto a Papai Noel, figura mágica ou pagã, desnaturaria o Natal religioso. Acho estranho: o Papai Noel encarna e celebra a esperança básica de que o mundo não nos seja hostil, que, ao menos uma vez por ano, ele possa nos querer bem. Graças ao Papai Noel paira, sobre nós todos, um olhar generoso. Será que essa esperança é muito afastada do sentido cristão do Natal?

3) A objeção mais impiedosa ao Papai Noel vem da crítica racionalista, pela qual é nocivo induzir as crianças a acreditar em coisas cuja existência é duvidosa.

Acho curioso. No fundo, acreditar ou não na existência do velhinho do polo Norte é sem relevância. Mas é crucial acreditar na possível generosidade do mundo para com a gente e com todos.

Anos atrás, passando o Natal em Gstaad, uma estação de esqui nos Alpes do Valais, na Suíça, eu e um amigo decidimos (estupidamente) atormentar o pequeno Mário, seis anos, anunciando, sem parar, a chegada iminente do Papai Noel. Mário, ao mesmo tempo, desejava essa chegada e era literalmente apavorado por sua eventualidade.

No fim, quisemos saber: do que ele tinha tanto medo? Da aparição sobrenatural do trenó voador? Do julgamento de seu comportamento passado, que seria implícito no presente recebido? Mario explicou: "Nada disso. É que, se ele vier, eu terei que ser bom".

Agora, se um jovem leitor tivesse aguentado até aqui e me perguntasse "Afinal, para você, Papai Noel existe ou não?", como responderia?

Primeiro, observaria que é bom não dar ouvidos aos que insinuam que o Papai Noel não existe. Os cínicos são sobretudo invejosos; funciona assim: por medo de que meu irmão receba mais amor do que eu, declaro que a mãe não existe e tento vender essa ideia ao meu irmão.

Logo, seguiria o exemplo de uma mãe que, diante das dúvidas do filho, disse: "Se você acredita nele, no mínimo ele existe dentro de você".

Feliz Natal a todos. (Contardo Calligaris)

domingo, 19 de dezembro de 2010

MEU PRAZER PELA LEITURA E PELA ESCRITA



A Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE), através de uma comissão avaliadora, selecionou e transformou em livros as melhores poesias de 2010 e os melhores contos de 2010.

A poesia de minha autoria denominada "A Força da Vida" foi escolhida, assim como o conto "No Reino Das Palavras Encantadas".

A pedido dos meus fãs e leitores que não tiveram acesso aos livros segue abaixo os textos premiados:

A FORÇA DA VIDA

O vulcão interno acorda e, com suas lavas incandescentes, queima tudo o que não é vida em mim. Não há espaço para o nada.

Estou inundada de sonhos, de desejos e de vontades.

Emoções dilatam-se e dançam vibrantes sob a pele.

Minha alma é puro movimento.

A existência explode com sua ânsia descomunal arrastando para as profundezas aquilo que já não é nem deve ser.

Estou grávida do sêmen do mundo.

O bendito fruto do meu ventre é a força do hoje, do agora.

Deus está na amplidão trepidante de possibilidades que abraça o instante que está sendo.

Hoje eu sou absolutamente tudo e todos. Nada existe fora.

A totalidade tece o meu destino e, nesta trama, o fascínio mistura-se ao medo.

Por quanto tempo estive abandonada de mim mesma com meu ventre infértil do orgasmo da vida? Não importa. Estou de volta.

Como um recém-nascido, o clarão do parto perturba meus olhos, porque desaprendi a usá-los. É preciso piscar várias vezes para afugentar os resquícios do sono insosso em que estive adormecida.

Agora posso enxergar a verdade nua e crua, nada mais do que isso, nada além disso: Eu sou. Deus É, foi e sempre será. A natureza divina descansa na infinitude.

A força da vida está em SER. Então, desperte! Viva! Seja bem-vindo.

     NO REINO DAS PALAVRAS ENCANTADAS

Em um reino distante de palavras encantadas, onde realidade e fantasia distraídas convivem em levíssima harmonia embriagada, dois enamorados desejam-se, embora nunca tenham se visto pessoalmente. Foram enfeitiçados pelas cartas de amor trocadas e suas páginas tecidas de imaginação, inspiração e poesia. Parece estranho um relacionamento florescer assim? Talvez o escritor tenha acertado ao dizer que “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Ou quem sabe ele também tenha sido vítima da mesma magia.

Separados por quilômetros, é para a lua que olham, confidenciando os segredos deste romance inventado de sentimentos reais. A eterna musa prateada acolhe os suspiros e as lamentações dos apaixonados com generosidade e respeito. Vaidosa, sabe que os olhos de águas salgadas dos amantes a tornam mais bela. Quando a dor não petrifica os sentidos, ela os aguça e o grito mudo do silêncio é capaz de ferir os tímpanos.

A donzela de delicados traços europeus tem alma borboletácea de asas inquietas coloridas de manchas azuis e verdes. Sua beleza reside na fragilidade inquebrantável de sua metamorfoseada essência.

Sozinha, em seu castelo, porém, sente-se como uma lagarta enclausurada em um casulo de solidão, saudade e tristeza. É somente, na amplidão de seus sonhos, que a tão esperada transformação acontece. Livre da seda, voa alegremente embalada pela brisa e faz do mundo seu imenso jardim, polinizando a vida por onde passa. Seu corpo exala o perfume adocicado e sedutor da dama da noite. Assim como a flor, quando a luz do dia adormece, sente a necessidade de desabrochar suas pétalas, ofertando a graciosa força de sua natureza íntima.

Longe, em terras inimigas, enfrentando a luta inglória onde não há vencedores, o cavaleiro de nobre coração ouve o chamado de sua musa. Andarilho solitário por estradas errantes, em busca de ouro e reconhecimento, o que mais encontra em seu caminho é a tristeza. Ferido, cansado, afogado em mentiras e ilusões, mantém a alma pura e os olhos brilhantes. A paixão torna-o ainda mais forte e potente. Com a espada sangrenta na mão, não se deixa vencer pelo remorso nem pelo medo. Enfrenta bravamente a treva impura a vagar pela noite assombrada. Quando a batalha terminar, encontrará o bem mais valioso de um homem, o amor de sua amada. Montado em seu cavalo veloz, companheiro fiel de tantas aventuras, percorrerá distraído as estradas da esperança sem perceber que busca o que sempre lhe pertenceu. Não mais matará, não mais morrerá. Pelo caminho, sua bagagem vai despejando dores desnecessárias e oportunidades perdidas que, vencidas, penetram no solo adormecido do tempo.

Será sábado de primavera no dia do encontro. Aninhados, embriagados e aquecidos por desejos úmidos e urgentes, seus corpos executarão compassados a dança fascinante da entrega. O cerimonial da vida, que é faminta de existência, transformará a realidade em um grande sim. Não será mais preciso esperar. O presente chegou. Agora, a lua acolhe as juras de amor dos corações acelerados e, falsamente envergonhada, finge não ouvir o ronronar dos gemidos e das respirações ofegantes.

Desde então, no reino das palavras encantadas, o vocábulo “impossível” entrou no mais completo desuso.



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FAÇA AMOR COM A VIDA E NÃO COM A AIDS!



Como apaixonada incurável pela vida e como profissional preocupada com a saúde emocional e física de meus pacientes, amigos e familiares, não poderia me ausentar no dia de hoje.

O texto abaixo é da autoria de Diana Aventino, uma querida e talentosa escritora da nova geração. 

__hoje NÃO É um dia comum__

Muitos da minha geração não acompanharam o sofrimento que é ter um amigo levado pela AIDS. Vê-lo sofrendo com os efeitos colaterais da medicação, vê-lo definhando lentamente, com infecções atrás de infecções. Vê-lo com preocupações sobre tocar, bEiJar, abraçar a família, o outro. Tendo não só a imunidade diminuida dia-a-dia, mas a auto-estima, a coragem, o humor, os amigos, a alegria...

Consequentemente, muitos não dão importancia para as formas de prevenção e para a gravidade que é conVIVER com este vírus.

Dados da ONUSIDA, estimam que no Brasil existam cerca de 700 mil portadores do vírus. Pessoas suficientes para lotar 10 estádios do Maracanã... E segundo Mario Scheffer, da ONG Pela Vidda, destes cerca de 250 mil nem sabem que são portadoras do vírus.

Ainda em pleno século XXI não usamos camisinha. ÔôÔôÔôôô, poxa...

A AIDS/SIDA não escolhe cor, raça ou gênero. 25 milhões já morreram em todo o mundo e embora no Brasil o Programa Brasileiro de AIDS seja bem estruturado com a epidemia, a cada dia 30 pessoas morrem no Brasil, indicadores que não nos dão orgulho nenhum. É um ônibus cheio caindo pelo precipício todo dia...

Aumentar o acesso ao tratamento a esta doença crônica, aos medicamentos, a quebra de patentes, a descoberta de remédios potentes e com menos efeitos colaterais é super importante, porém como dizia vovó, hoje ainda o melhor remédio é prevenir.

Cuidado minha gente. Usar camisinha é um ato de amor!

Diana Aventino