domingo, 19 de dezembro de 2010

MEU PRAZER PELA LEITURA E PELA ESCRITA



A Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE), através de uma comissão avaliadora, selecionou e transformou em livros as melhores poesias de 2010 e os melhores contos de 2010.

A poesia de minha autoria denominada "A Força da Vida" foi escolhida, assim como o conto "No Reino Das Palavras Encantadas".

A pedido dos meus fãs e leitores que não tiveram acesso aos livros segue abaixo os textos premiados:

A FORÇA DA VIDA

O vulcão interno acorda e, com suas lavas incandescentes, queima tudo o que não é vida em mim. Não há espaço para o nada.

Estou inundada de sonhos, de desejos e de vontades.

Emoções dilatam-se e dançam vibrantes sob a pele.

Minha alma é puro movimento.

A existência explode com sua ânsia descomunal arrastando para as profundezas aquilo que já não é nem deve ser.

Estou grávida do sêmen do mundo.

O bendito fruto do meu ventre é a força do hoje, do agora.

Deus está na amplidão trepidante de possibilidades que abraça o instante que está sendo.

Hoje eu sou absolutamente tudo e todos. Nada existe fora.

A totalidade tece o meu destino e, nesta trama, o fascínio mistura-se ao medo.

Por quanto tempo estive abandonada de mim mesma com meu ventre infértil do orgasmo da vida? Não importa. Estou de volta.

Como um recém-nascido, o clarão do parto perturba meus olhos, porque desaprendi a usá-los. É preciso piscar várias vezes para afugentar os resquícios do sono insosso em que estive adormecida.

Agora posso enxergar a verdade nua e crua, nada mais do que isso, nada além disso: Eu sou. Deus É, foi e sempre será. A natureza divina descansa na infinitude.

A força da vida está em SER. Então, desperte! Viva! Seja bem-vindo.

     NO REINO DAS PALAVRAS ENCANTADAS

Em um reino distante de palavras encantadas, onde realidade e fantasia distraídas convivem em levíssima harmonia embriagada, dois enamorados desejam-se, embora nunca tenham se visto pessoalmente. Foram enfeitiçados pelas cartas de amor trocadas e suas páginas tecidas de imaginação, inspiração e poesia. Parece estranho um relacionamento florescer assim? Talvez o escritor tenha acertado ao dizer que “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Ou quem sabe ele também tenha sido vítima da mesma magia.

Separados por quilômetros, é para a lua que olham, confidenciando os segredos deste romance inventado de sentimentos reais. A eterna musa prateada acolhe os suspiros e as lamentações dos apaixonados com generosidade e respeito. Vaidosa, sabe que os olhos de águas salgadas dos amantes a tornam mais bela. Quando a dor não petrifica os sentidos, ela os aguça e o grito mudo do silêncio é capaz de ferir os tímpanos.

A donzela de delicados traços europeus tem alma borboletácea de asas inquietas coloridas de manchas azuis e verdes. Sua beleza reside na fragilidade inquebrantável de sua metamorfoseada essência.

Sozinha, em seu castelo, porém, sente-se como uma lagarta enclausurada em um casulo de solidão, saudade e tristeza. É somente, na amplidão de seus sonhos, que a tão esperada transformação acontece. Livre da seda, voa alegremente embalada pela brisa e faz do mundo seu imenso jardim, polinizando a vida por onde passa. Seu corpo exala o perfume adocicado e sedutor da dama da noite. Assim como a flor, quando a luz do dia adormece, sente a necessidade de desabrochar suas pétalas, ofertando a graciosa força de sua natureza íntima.

Longe, em terras inimigas, enfrentando a luta inglória onde não há vencedores, o cavaleiro de nobre coração ouve o chamado de sua musa. Andarilho solitário por estradas errantes, em busca de ouro e reconhecimento, o que mais encontra em seu caminho é a tristeza. Ferido, cansado, afogado em mentiras e ilusões, mantém a alma pura e os olhos brilhantes. A paixão torna-o ainda mais forte e potente. Com a espada sangrenta na mão, não se deixa vencer pelo remorso nem pelo medo. Enfrenta bravamente a treva impura a vagar pela noite assombrada. Quando a batalha terminar, encontrará o bem mais valioso de um homem, o amor de sua amada. Montado em seu cavalo veloz, companheiro fiel de tantas aventuras, percorrerá distraído as estradas da esperança sem perceber que busca o que sempre lhe pertenceu. Não mais matará, não mais morrerá. Pelo caminho, sua bagagem vai despejando dores desnecessárias e oportunidades perdidas que, vencidas, penetram no solo adormecido do tempo.

Será sábado de primavera no dia do encontro. Aninhados, embriagados e aquecidos por desejos úmidos e urgentes, seus corpos executarão compassados a dança fascinante da entrega. O cerimonial da vida, que é faminta de existência, transformará a realidade em um grande sim. Não será mais preciso esperar. O presente chegou. Agora, a lua acolhe as juras de amor dos corações acelerados e, falsamente envergonhada, finge não ouvir o ronronar dos gemidos e das respirações ofegantes.

Desde então, no reino das palavras encantadas, o vocábulo “impossível” entrou no mais completo desuso.



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