sábado, 7 de agosto de 2010

Jogadores do Santos Não São Punidos: O Episódio do Twitter Acaba em Pizza


A confusão começou quando, após a vitória da equipe sobre o Grêmio Prudente, Madson, Zé Eduardo e Felipe resolveram twittar com torcedores e ligaram a câmera do computador. Sem camisa e bastante à vontade, apareceram pedindo bebidas alcoólicas. Durante o bate-papo, um dos internautas chamou o goleiro Felipe de “mão de alface”. Madson tentou proteger o colega e a discussão, então, prosperou. Ofendido, Felipe respondeu ao torcedor: - “Aí, fera, o que eu gasto com o meu cachorro de raça é o teu salário por mês”.

Robinho e Neymar, que não tinham viajado com o grupo, mas acompanhavam os amigos na internet, pediram, através do celular, que os jogadores tomassem cuidado e mantivessem o controle emocional. Zé Eduardo desprezou o conselho de Robinho e ainda disse que ninguém sentiria a falta dele, quando partisse.

Antes de embarcarem para Salvador, onde disputaram a final da Copa do Brasil contra o Vitória, os jogadores voltaram ao Twitter para pedir desculpas.

Nesta ocasião, Madson disse: - “Vou pedir desculpas, estava feliz por ter ganhado. Só que tem alguns caras que xingam a gente e não são santistas”. Felipe, por sua vez, alegou que tudo não passou de uma brincadeira.

O episódio infeliz gerou muita polêmica e a repercussão causou desconforto no Santos. Nos bastidores, ouviu-se que a punição aos envolvidos não seria divulgada antes da final da Copa do Brasil.

O campeonato acabou com a vitória merecida dos meninos da Vila. Aproveito a ocasião para dar meus parabéns à equipe santista e mais uma vez deixar clara minha admiração. Sou fã dos jogadores dentro de campo. Fora dele, a história muda um pouco. Mas, voltando ao assunto, a Copa do Brasil acabou, porém a medida disciplinar não veio.

Segundo o presidente do clube, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, o incidente foi um reflexo da personalidade extrovertida dos jogadores santistas e já está totalmente superado. "Respeito a idade de cada um e as brincadeiras que eles fazem são comuns. Guardadas as devidas proporções, é como quem entra na faculdade e tem que pagar o "mico" do trote. Isso é da essência do jovem", disse Luis Álvaro. E completou seu discurso da seguinte maneira: "Eles não são monges ou escoteiros, e não vivem em uma prisão monástica. São meninos atrevidos, que driblam, jogam com alegria e comemoram seus gols com dancinhas. Estamos marcando história desse jeito. Eu, na minha adolescência, por exemplo, preferia a irreverência dos Beatles a um quarteto de cordas todo regrado".

Eu também adoro a irreverência, a alegria, a vitalidade e a criatividade da juventude. Mas penso que é possível ser jovem e, ao mesmo tempo, ter bom senso e educação.

A vida, realmente, passa depressa. O jogador de futebol, como qualquer um de nós, tem sim o direito de aproveitar seus momentos de folga, mas deve sempre se lembrar de que é uma pessoa pública, que serve de exemplo e que fica exposta aos olhares de todos, por isso, aquilo que diz ou faz assume proporções gigantescas. Não aceitar provocação e usar o bom senso é sempre uma ótima saída. Por outro lado, torcedores precisam aprender a expressar-se sem ofender. As pessoas confundem posicionamento com agressividade.

Fico pensando que talvez o presidente do clube tenha se esquecido do que são boas maneiras ou quem sabe não punir os jogadores seja uma estratégia para que o passe dos rapazes continue altamente valorizado. Pagando bem que mal tem, não é mesmo? Na mentalidade de certos indivíduos, os fins justificam os meios.

Afinal de contas, vivemos no país da impunidade e dos maus exemplos. Ser brasileiro é viver indignado. Aqui é possível matar e não ser punido. Quem não se lembra do caso Pimenta Neves? O ex-editor do jornal Estado de São Paulo matou a ex-namorada com dois tiros nas costas e está solto. Para completar o quadro desolador, todos os dias, os noticiários estão recheados de denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários poderosos. E o que acontece? Praticamente nada.

A mudança da sociedade tem que começar dentro de casa com a educação dos filhos que é tarefa bastante árdua. Os pais têm levado um baile. Não conseguem dizer não, impor limites e ensinar como distinguir o certo do errado. Hoje em dia, os jovens são autoritários porque os pais são impotentes e morrem de medo do olhar de reprovação de seus pupilos. Depois ficamos chocados quando um grupo de rapazes jovens e ricos, sem nada melhor para fazer, colocam fogo em um pobre índio deitado no banco da praça.

Diante de tudo isso, o episódio do twitter fica pequeno e parece perder importância. Só que para conseguir grandes mudanças é preciso dar um primeiro passo. É, no dia-a-dia, que vamos construindo um futuro melhor. Que cada um de nós faça a sua parte!

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