terça-feira, 3 de agosto de 2010

Equipe do Santos no Twitter: Em Boca Fechada Não Entra Mosquito




Parece que agora virou moda. Toda semana, no noticiário esportivo, um jogador de futebol mostra para a sociedade o que não deve ser feito nem dito.

Recentemente, alguns atletas tiveram seus nomes associados a traficantes. Outros, apareceram envolvidos em orgias, fazendo uso de drogas pesadas e de bebidas alcoólicas. Como se já não bastasse, o ex-goleiro do Flamengo, Bruno, ainda foi acusado de assassinato.

Desta vez, o espetáculo infeliz foi protagonizado por jogadores do Santos. Eu, que não sou santista, mas que não me canso de elogiar os meninos da Vila, confesso que fiquei bastante chateada.

Após a vitória da equipe sobre o Grêmio Prudente, Madson, Zé Eduardo e Felipe resolveram twittar com torcedores e ligaram a câmera do computador. Sem camisa e bastante à vontade, apareceram pedindo bebidas alcoólicas. A confusão teve início, quando um dos internautas chamou o goleiro Felipe de “mão de alface”. Madson tentou proteger o colega e o bate-boca, então, prosperou. Ofendido, Felipe respondeu ao internauta: - “Aí, fera, o que eu gasto com o meu cachorro de raça é o teu salário por mês”.

Robinho e Neymar, que não tinham viajado com o grupo, mas acompanhavam os amigos na internet, pediram, através do celular, que os jogadores tomassem cuidado e mantivessem o controle emocional. Zé Eduardo desprezou o conselho de Robinho e ainda disse que ninguém sentiria a falta dele, quando partisse.

Antes de embarcarem para Salvador, onde disputarão a final da Copa do Brasil contra o Vitória, os jogadores voltaram ao Twitter para pedir desculpas.

Nesta ocasião, Madson disse: - “Vou pedir desculpas, estava feliz por ter ganhado. Só que tem alguns caras que xingam a gente e não são santistas”. Felipe, por sua vez, alegou que tudo não passou de uma brincadeira. O problema é que toda brincadeira tem um fundo de verdade, não é mesmo?

Jogadores são pessoas públicas e ficam expostos aos olhares de todos, por isso, aquilo que dizem e fazem assume proporções gigantescas. Não aceitar provocação e usar o bom senso é um bom negócio.

O que posso dizer, então, a respeito deste episódio lamentável? Em primeiro lugar, não desprezo as desculpas pedidas pelos atletas, mas, é claro, que teria sido muito melhor não terem se colocado em uma situação na qual fosse necessário pedi-las. Será que alguém poderia fazer a gentileza de explicar a estes garotos que não se deve nem se pode, em certas ocasiões, dizer tudo o que vem à cabeça? Alguém tem dúvida de que existe, por parte deles, dificuldade em distinguir o certo do errado, em lidar com frustrações, regras e limites, em respeitar as diferenças, além de, facilmente, confundirem posicionamento com agressividade? É impressão minha ou os jogadores acham que podem tudo porque são famosos e ricos? Aos torcedores peço também que façam suas críticas de maneira construtiva sem ofender os jogadores. Pesquisa realizada, recentemente, informa que as pessoas estão despreparadas para utilizar a web.

Não canso de repetir que os atletas precisam de orientação psicológica e acompanhamento educacional porque começam cedo na carreira, geralmente abandonam os estudos e são provenientes de famílias pobres e desestruturadas. O futebol, que movimenta cifras de dinheiro inacreditáveis, transforma, da noite para o dia, homens despreparados em celebridades. Imersos na sedução do status e do poder, fica fácil esquecer os valores éticos e morais. É preciso ter cabeça boa para lidar de forma inteligente com a fama que sempre traz consigo “amigos da onça”, empresários astutos e “Marias- chuteira”. É fundamental aprender a lidar com derrotas, lesões, pressões da torcida, cobranças da comissão técnica, transferência para outros países que implicam em distância da família e adaptação aos costumes estrangeiros, bem como ao clima e ao novo idioma.

Fico aqui torcendo para que o futebol tenha dias melhores e que os mesmos erros parem de se repetir com tamanha frequência. Haja paciência! Que os atletas apareçam na mídia em virtude de seus talentos e de suas vitórias, divulgando a beleza e o encantamento do esporte brasileiro. A esperança é a última que morre!

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