quinta-feira, 17 de junho de 2010

A RIVALIDADE FEMININA


Atire a primeira pedra qual de nós nunca sentiu raiva e inveja daquela amiga magra e linda que devora, sem dó nem piedade, toda e qualquer comida que vê pela frente sem engordar uma grama sequer. E o que dizer daquela outra que tem o bumbum durinho e empinado, sem estrias nem celulite, capaz de deixar com torcicolo todos os “marmanjos” da praia? Desgraçadas!

A inveja é um dos sete pecados capitais. Este sentimento dificilmente é confessado, porque causa vergonha àquele que por ele é tomado. O fato é que faz parte da natureza humana, pois em cada um de nós há um invejoso. O que difere é a intensidade e a freqüência com que a inveja aparece, além do uso que se faz dela. Podemos usá-la para prejudicar ou destruir o objeto que nos provoca mal–estar, por outro lado, podemos reconhecer e aceitar nossas limitações, usando a admiração pelos atributos alheios como inspiração para desenvolver melhor os nossos talentos.

Será então que não existe amizade verdadeira entre as mulheres porque a competição entre elas fala mais alto? Será que a rivalidade feminina é maior do que a masculina? Ou será que apenas se apresenta de outra maneira? Como as mulheres se relacionam entre si? O que uma recebe da outra? Qual é o papel que a mulher desempenha na vida emocional de sua amiga?

É importante lembrar que o primeiro relacionamento da mulher com outra pessoa do mesmo sexo foi com a mãe. Ligação esta bastante delicada e forte, capaz de influenciar sobremaneira os futuros relacionamentos adultos. Sendo assim, nada incomum transferirmos para as amigas sentimentos confusos que, no fundo, têm a ver com a dinâmica de nossos relacionamentos com nossas mães.

Além do mais, faz-se necessário mencionar que a mulher não recebeu o falo (pênis), representante universal da importância, portanto, uma ausência está registrada no seu emocional. Esta falta (incompletude) provoca insegurança. Aquela, que aparecer com um “que” a mais, fará a mulher se sentir ameaçada e inferiorizada.

Por estarem unidas na privação, muitas mulheres são excelentes amigas quando a outra está vivenciando momentos difíceis, mas têm dificuldade de se sentirem felizes e unidas nos momentos de realização e sucesso da amiga. Quanto mais as mulheres se sentirem bem consigo mesmas e alcançarem um lugar de realização e reconhecimento no mundo, menos inveja terão de suas companheiras.

Mas calma, meninas! Nem tudo está perdido. Eu ponho muita fé no universo feminino ainda que reconheça, em muitas ocasiões, a existência de “alfinetadas” e de comentários ferozes e ásperos trocados entre as mulheres.

Repare que, desde pequenas, temos uma relação carinhosa com nossas amiguinhas e fazemos tudo juntas, chegando inclusive a excluir os meninos por achá-los um pouco “bobocas”. Na adolescência e no começo da vida adulta, podemos até nos afastar umas das outras, mas depois voltamos a ter amigas e confidentes mulheres e um novo querer bem se instala com toda força e carinho.

Desde sempre, mulheres conversam com as amigas sobre os filhos, maridos, chefes, problemas financeiros e amorosos. A união entre elas é prazerosa e ajuda a preencher lacunas dentro de si mesmas e necessidades que os homens não são capazes de entender nem atender. Só uma mulher consegue compreender porque a outra comprou a milésima bolsa preta achando que é necessária e super diferente das anteriores. Também apenas uma amiga é capaz de apoiar a escolha da outra que trocou o namorado, médico e educado, por um motoboy esquisitão sem eira nem beira.

Por longo tempo, a sociedade machista e preconceituosa contribuiu com a idéia errônea de que as mulheres só ficavam juntas quando seus homens não estavam disponíveis para elas e, ainda por cima, que suas conversas não passavam de tagarelices e fofocas. Acreditava-se que comentavam apenas sobre futilidades como roupas, receitas culinárias, maquiagem e a vida da vizinha, enquanto os homens falavam sobre política e outros assuntos capazes de mudar o mundo.

Talvez a mulher seja mais verborrágica, crítica e tenha uma facilidade maior de expressar seus sentimentos, o que torna seu jeito de amar bem peculiar e pitoresco, porém não menos sincero. Uma pesquisa inglesa na Universidade de Manchester mostrou que as mulheres formam laços de amizade mais profundos e duradouros do que os homens, mais ligados ao momento e preocupados com os benefícios que o relacionamento pode trazer.

Viva o clube da Luluzinha! Que nossa união fortaleça cada vez mais nossa amizade, que possamos crescer juntas, compartilhar conhecimentos e nos ajudarmos mutuamente.

Avante! Que a vitória seja de cada uma e de todas nós.

Um comentário:

  1. Olá Adriana, encontrei seu blog na sua entrevista para CBJE. Li alguns dos seus textos aqui, adorei! A união faz a força! Até mais ler...

    ResponderExcluir